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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Duquesa Sinistra


Li esses dias um conto no site Birosca Nerd, gostei muito do formato e resolvi criar contos também. Não chegou a altura d'O Rei Acorrentado, mas com o tempo eu melhoro. Espero que gostem da Duquesa Sinistra.

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A Duquesa Sinistra

Ouçam viajantes, vou lhes contar uma história que ouvi, lá no reino de Astamir. Peço, no entanto, que se gostarem do que vão escutar, me deixem algumas moedas, sou um bardo errante, porém minha sinceridade não me permite grandes ganhos. Sei que as pessoas gostam de mentiras, mas só me contento com a verdade. Sei também que o que vou lhes contar não é lá muito agradável de ouvir, mas é um relato de socorro de uma terra distante, um convite para mercenários inescrupulosos e aventureiros temerosos. Vejo que aqui, nessa taverna, muito há dos dois. Então, se o que eu lhes relatar for ao menos útil, deixe uma contribuição, para esse bardo bufão.

Arrisco algumas notas de meu alaúde, espero que não fira seus ouvidos com meus tons humildes, mas é um vício antigo, de um bardo velho, como diriam: velhos amores dificilmente se vão, velhos vícios nunca se vão.

No velho e decadente
Reino de Astamir
Há, um mal crescente
Selesine
Que não para de expandir.

Todos vocês sabem do Reino de Astamir: o outrora gigante e poderoso reino dos Barssul, hoje não passa de uma sombra de suas glórias do passado. A dinastia dos Hortous não consegue manter a paz no reino e, ao que parece, não tem interesse em fazê-lo. Mas, isso não é novidade para vocês, intrépidos e perspicazes ouvintes.

O que quero lhes falar é sobre um mal:

Uma maldição se espalha
Mata, revive e enfebrece
Transforma a alma em tralha
Se mostra só quando escurece

Eu falo dos vampiros, sim, essas criaturas da noite, vivas nas lendas e escondidas no dia. Alguns de vocês já ouviram relatos de vampiros, mas pouquíssimos já os viram, mas eles existem, muito além da fantasiosa cidade de Pomar Vermelho, eles estão sempre entre nós. Aparecem durante a noite, porém preferem quando não há lua, como hoje.

Mas não se assustem, se é que algum de vocês, galantes guerreiros, temem algo em suas vidas. Pois dos vampiros que conto, estão somente no norte de Astamir, próximo às Montanhas dos Dentes Gelados. Lá, no ducado de Millay.

Acredito que vocês nunca tenham ouvido falar desse lugar, mas isso não significa que ele não exista. Existe sim, o ducado de Millay. Essas terras rochosas pouco têm a oferecer para seus habitantes, homens e mulheres altos e calados, todos constantemente desconfiados. Não os julgue mal, a desconfiança deles tem motivo. É o medo. E a razão do temor é a duquesa, Selesine.

Selesine era a menor
Linda e pequena infante
Sua beleza era a maior
O desejo por ela era gigante

Selesine nasceu, acreditem se quiser, há quatrocentos anos, era a mais linda mulher de toda sua geração, por isso, seu bisavô a escolheu para ser agraciada com a maldição da família. Ela, então, foi transformada em vampiro quando completou dezenove anos. Seu bisavô a queria como amante, mas a ambição de Selesine era maior. Ela não seria a concubina de nenhum senhor, ela mesmo seria a senhora.

Quando ela conseguiu poder, ela matou seu bisavô, muitos de seus parentes reclamaram. Pela insolência, Selesine os afogou em sangue e agonia. Dizem que a mansão dos Millay é assombrada pelo fantasma de todos que morreram nas mãos de Lady Selesine, a Duquesa Sinistra. É assim que chamam-na no ducado de Millay.

A Duquesa Sinistra agora governa seu ducado sem se curvar ao rei de Astamir. Dizem, inclusive, que ela tem seu próprio reino e não um ducado. O rei, como um bom membro da família Hortou, nada fez e nada fará. Alguns dizem que ele daria o ducado para o valente que matasse Selesine.

Mas a verdade, ele um dia saberá
Só há uma pessoa a quem se curvar
Aceite Selesine ou morrerá

E vocês devem se estar se perguntando o motivo pelo que lhes conto essa história. Bem, sou um bardo e amo cantar e contar, e gostaria que essa história se espalhasse como um recado aos quatro cantos do mundo de que há um mal. Além disso, fui ao ducado de Millay e conheci Selesine, por isso posso afirmar: nada do que falei é mentira, inclusive, posso lhes provar.

Como? Ora, vejo aqui quinze homens e quatro mulheres, entre viajantes, aldeões, mercenários e artesões. Dos dezenove, somente seis viverão, o resto será, nessa bela noite, minha refeição.

Um comentário:

  1. Parabéns Rodrigo! Ficou muito foda!
    Gostei mesmo! As rimas, o clima e a história em si ficaram muito bons!
    Continue escrevendo =)

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